Augusto Reis, era o nome do meu avô. Augusto era como eu gostaria de me chamar, sempre o foi. O meu avô era negociante de vinho, nasceu em Estremoz, filho de tanoeiros. O meu avô gostava do seu mar de Esmoriz, apreciava uma boa mesa, gostava de bons fatos e chapéus, ia ao Porto comprar as fatiotas. O grande prazer da vida dele era ver a família reunida na mesa de jantar, da sua bonita casa em Esmoriz. Era um homem tão exigente como bondoso. Nunca conheci o meu avô. Conheci a sua filha, Margarida, que teve a generosidade de ser a minha mãe e dela eu ficar a conhecer profundamente o homem da vida dela, o seu pai, o meu querido avô Augusto.
Homem organizado, de bonita caligrafia. Gostava de tocar na sua guitarra aos serões de família. Homem de família e para a família. A minha mãe viveu toda a vida com saudades do seu pai, mas recordava-lhe sempre o melhor, haveria de ter os seus muitos defeitos, mas para a minha mãe era o melhor da sua vida, e sorria com isso, e quase que sinto que o meu avô sorriria também.
O Sr Augusto Reis era um homem de celebração. Os anos dos filhos, a Páscoa, o Natal e os Reis, sempre e muito os Reis. Na verdade, levava os reis tão a a sério que quase roubavam o protagonismo do próprio Natal. A casa era limpa de fio a pavio, o chão de madeira deveria ficar a brilhar, a melhor toalha era colocada na mesa da sala, para receber o rei bacalhau que ele iria comprar ao Porto, entre o Natal o o novo ano. Porque os reis seriam a festa da sua família, do seu nome, e o nome e a honra, no tempo do meu avó, eram meia vida.
Feliz dia de Reis, meu querido avó Augusto
Hélder
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