terça-feira, janeiro 28, 2025

Solidão não é estar sozinho


 

Estar sozinho e sereno é o expoente da felicidade. Não tem nada a ver com solidão. Solidão é angustiante, depressiva, e leva a nossa cabeça por caminhos obtusos. Ter a capacidade de estar sozinho e usufruir da vida é maravilhoso e aumenta a maravilha quando partilhamos. 

Saber ocupar o tempo com o que nos enriquece, mesmo que seja a não fazer nada, é crucial para uma boa saúde mental. Quem está bem sozinho, está bem consigo. Não ter medos, duvidas maiores, culpas assombrosas. Nada de errado com quem vive nestas circunstâncias opacas da vida, mas recomendo que as tente resolver. 

A vida tem de ser leve, como diz a gente boa de São Tomé. Se pensarmos bem... o que é um problema grave, sem solução? Sem janela no telhado? É mesmo muito pouca coisa, e mesmo essas coisas complexas, com ajuda... podem levar uma volta. Eu já andei pela solidão, há anos, resolvi-me e hoje, quando estou sozinho... sou feliz, como que a preparar todos os momentos em que estou acompanhado, porque estamos bem sozinhos e estamos incríveis quando bem acompanhados! Concordam?


abraços



segunda-feira, janeiro 06, 2025

O MEU AVÔ DOS REIS

 


Augusto Reis, era o nome do meu avô. Augusto era como eu gostaria de me chamar, sempre o foi. O meu avô era negociante de vinho, nasceu em Estremoz, filho de tanoeiros. O meu avô gostava do seu mar de Esmoriz, apreciava uma boa mesa, gostava de bons fatos e chapéus, ia ao Porto comprar as fatiotas. O grande prazer da vida dele era ver a família reunida na mesa de jantar, da sua bonita casa em Esmoriz. Era um homem tão exigente como bondoso. Nunca conheci o meu avô. Conheci a sua filha, Margarida, que teve a generosidade de ser a minha mãe e dela eu ficar a conhecer profundamente o homem da vida dela, o seu pai, o meu querido avô Augusto.

Homem organizado, de bonita caligrafia. Gostava de tocar na sua guitarra aos serões de família. Homem de família e para a família. A minha mãe viveu toda a vida com saudades do seu pai, mas recordava-lhe sempre o melhor, haveria de ter os seus muitos defeitos, mas para a minha mãe era o melhor da sua vida, e sorria com isso, e quase que sinto que o meu avô sorriria também. 

O Sr Augusto Reis era um homem de celebração. Os anos dos filhos, a Páscoa, o Natal e os Reis, sempre e muito os Reis. Na verdade, levava os reis tão a a sério que quase roubavam o protagonismo do próprio Natal. A casa era limpa de fio a pavio, o chão de madeira deveria ficar a brilhar, a melhor toalha era colocada na mesa da sala, para receber o rei bacalhau que ele iria comprar ao Porto, entre o Natal o o novo ano. Porque os reis seriam a festa da sua família, do seu nome, e o nome e a honra, no tempo do meu avó, eram meia vida.

Feliz dia de Reis, meu querido avó Augusto


Hélder