Quando era muito criança a minha mãe disse-me que das palavras mais importantes que tenho de aprender é o não. Claro que na altura não percebi bem, mais tarde, no tarde de hoje, faz todo o sentido. Dizer não, é assumir a nossa mais alta atitude, contra o esperado de nós, e ter a capacidade de dizer não é a revelação de uma elevadíssima maturidade. Porque não há pessoas que estejam na lista dos intocáveis do não. Era o que faltava. Família, não, não nos podem contrariar a levar com almoços para marcar ponto, emprego, não podem falar de qualquer modo, somos empregados, ou patrões, mas não, comigo não fala assim. Amigos, não me apetece sair, não estiveste bem, não estás magro... lamento.
O não revela verdade, verticalidade e pensamento. Obviamente pode ser um não errado, e aí surge a outra verdade, afinal estava enganado. Humildade. Confesso-me farto de submissos, lambe botas, gente que vive pela cabecinha dos outros, que tem pânico de contrariar, castrando a vontade própria. Digam não, porra!! Não quero, não vou, não gostei, não fale assim comigo, por favor. Tão bom.
Não, comigo não, sempre educadamente não, mas a mim não fazem o que contraria a minha essência, sem que isso afete em modo nenhum a essência dos outros.
Experimentem, é libertador. Queres vir jantar? Hoje não, obrigado. Porquê, preciso de tempo para mim.
E de um não virá um bonito sim ao saber com quem contamos.
Abraço
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