Quantos de nós, mesmo lá no fundo das ideias, já não quis dizer a isto a alguém que não tem o mínimo de noção de quando se deve calar, para ouvir, ou porque já contou, exaustivamente, a história que estava a contar ou o interesse morreu nas primeiras frases? Eu, confesso, dezenas de vezes. E há dias em que não me consigo controlar, mesmo, porque há pessoas descontroladas nas palavras.
Há os que perguntam se está tudo bem? Tudo... a horta, o chuveiro entupido, a humidade lá de casa e já agora a depressão ou aquela crise no trabalho, vai tudo dar ao mesmo, tudo bem? E pronto, está manifestado o interesse. E depois... somos metralhados por palavras, sem dó nem piedade.
Caramba, é assim tão difícil te aperceberes que só estás a falar, e que a vida não é um monólogo. E depois há gente que adora detalhes, muitos detalhes, todos os detalhes do mundo numa conversa. Deve ser defeito meu de profissão e formação, mas gosto de síntese. Claro que há situações, raras, que exigem detalhe, mas tanto..., é que há pessoas que é uma saturação de pormenor. E o silêncio, ouvir e falar devem cumprir os votos de silêncio, só assim se ouve, só assim se fala. Mas... há pessoas que na conversa metem telemóvel, piadas, comentários sobre outras coisas, cruzam conversas e descruzam a atenção.
Se é por mal, acredito que não, mas por bem não é certamente.