Fotografia Arlindo Rego
Equilíbrio. Uma palavra estupenda, um exercício complexo. Estou longe da perfeição, mas perto do que não quero. Desde a morte da minha mãe que a minha vida assumiu diretrizes diferentes. Os problemas relativizaram-se, os objetivos de vida tomaram outro caminho, as minhas relações mudaram. O meu equilíbrio começa em mim. Sozinho. Calado. Contemplando. Mais ninguém pode fazer isto por mim, e há gente que atrapalha este caminho. Não é por mal, claro. Mas são pessoas complexas, com egos grandes, raramente olham para o lado e quase nunca abdicam de si pelos outros. São o maior ruído da minha vida, e um obstáculo ao meu equilíbrio. Não são nem mais, nem menos que eu, mas não podem fazer parte da minha balança. Do meu equilíbrio faz parte muita vida que não só pessoas, claro, mas agora é delas que falo.
Raramente me perguntam como estou depois da morte da minha mãe. Já lá vão 3 anos. É um problema meu. Como sabem, o luto demora anos a sarar. Sinto que estou no caminho certo, mas era reconfortante sentir interesse de quem até parece interessado, mas não. Tal como outras felicidades ou tristezas, que devemos perguntar, querer saber, mostrar interesse. Sermos interessados revela a maior humildade relacional da humanidade. E as pessoas... as próximas e as outras podem erguer e poluir, ao mesmo tempo.
Não é um: estás bem? ou fixe? ou qualquer outra generalidade, que me vai dar vontade de partilhar. A uma pergunta geral... respondo com generalidades, e fico a conhecer melhor o interesse do outro. Para o meu equilíbrio escolho os pesos para a minha balança, e como até treino mais o meu corpo, começo a conhecer bem os limites dos músculos da minha carne e da minha alma.
A atenção, exercício fulcral na vida, é muito difícil para quem a vida é camuflada de um umbigo gigante e plena de bons argumentos desiquilibrantes... :) precisei de criar esta palavra!!!
Divirtam-se e estejam atentos... a quem importa, MESMO!
Hélder
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