terça-feira, outubro 24, 2023

Sê forte quando te apetece ser fraco?

 

Pessoalmente, estou cansado dos otimismo, do aqui e agora, vive o momento, aproveita as dores e constrói-te, isto estava destinado para a força que tenho para enfrentar. Porra para tudo isto. Estou com a Joana Marques... do contra. Porquê? Porque temos o direito e a normalidade de chorar baba e ranho, de baixar os braços, de dizer uma carga de palavrões, perguntar por Deus, porquê a mim, e deitar no sofá, para além do nosso corpo, deitar a alma, o passado, o presente e até o futuro. O que não podemos é ficar aí para sempre, mas se precisamos disso, qual o mal? O pior que me podem dizer quando estou no pior de mim é dizerem:  força, vai passar. Como sabes? E onde vou buscar força se não tenho nenhuma, e que tal dares uma canja e um abraço.

Não estou desacreditado, estou sereno, confiante e esperançoso, mas farto das teorias de positividade e de gente que sei que chora baba e ranho por não ter companhia na cama da vida, um emprego de sonho, uma paz de família. Na verdade, problemas de todos os nós, só que vende bem estar bem, ou sem conhecer o bem o que é estar em paz consigo mesmo. Entrem em guerra por dentro e depois... depois de cansados, experimentem a paz e o silêncio da reconciliação. Porque a vida é difícil, mas é incrível, e difícil.

Hélder


terça-feira, setembro 26, 2023

A VIDA É BOA

 


A vida é boa, não é uma boa vida. Porque a vida está difícil, financeiramente, socialmente, no trabalho, ambientalmente, internacionalmente... nós sabemos, e mais do que isso, nós sentimos. Contudo, tenho de olhar para minha vida, também. Ela é boa, porque me permite usufruir da luz, do sossego, da concretização, da paz, do amor, da solidão voluntária, da casa, das viagens, do crescimento interior, da saúde. Só tenho motivos para ser grato. Metade luz, metade vida.

Também é boa porque sei lidar com a dor de quem já não tenho, com a malicia, com as desilusões, com o medo, com a frustração, com a minha falha; tudo isto, sabendo lidar, faz da vida... boa.

É incrível a sensação da luz no rosto, o sal do mar na boca, um bom vinho com o céu estrelado, a liberdade do campo, a liberdade da vontade, o vento nas mãos suadas, os casacos em dias de frio, a água fria com sede, as maçãs frescas e rijas, a fruta da árvore, uma nova viagem, uma lareira a acompanhar um jantar, um abraço honesto, um beijo na boca, observar os pássaros, as mãos na terra, os pés descalços, alongar os músculos, espreguiçar-me de manhã, ter calma no dia, as árvores nos seus tempos... a vida é boa, a minha vida é boa porque tem estas vidas. Sorte a minha, sempre que não a sei complicar e me fico com a luz, naquela metade de mim.

Até já.


quarta-feira, junho 28, 2023

OS COMENTADORES E EU

 




A vida não anda fácil. Sabem bem disso. Há uns anos decidi mudar, o que como, com quem estou, quem ouço, as escolhas, mais desporto e como me informo. É tão importante a informação que escolhemos ter. Confesso, não alinho em comentadores. Respeito total, mas não quero que me metam a pensar nas ideias que eles criaram, e por vezes profundamente alarmistas, e acabam, na sabedoria do tempo, por serem ideias só populista e vazias na verdade da história. Nem todos os comentadores, claro, mas bastantes caem na tentação do futurismo alarmista. É o que sinto.

Eu não quero que me encham a cabeça de ideias, eu quero ter a minha ideia, leio um jornal credível e tio as minhas conclusões, se tiver dúvidas, aumento o leque de informação. Não leio opiniões nem ouço debates de opiniões. É a minha escolha, quero factos, não quero projeções.

Sinto-me menos poluído, menos alarmado e mais sereno. Porque para caos, já me basta o mundo em que vivo.

Esta é só a minha opinião, com total respeito por quem opina e por quem escolhe ouvir comentários.

Abraço, Hélder

terça-feira, maio 30, 2023

ALEGRIA DE VIVER


 Estão à frente do nosso nariz bons motivos para cultivar a alegria de viver. A vida não anda fácil, mas anda possível. Certifique-se que vê o sol brilhar, ou a chuva cair, que sente o perfume de um alecrim e consegue dar uma caminhada à beira mar. Veja como está a sua planta, se está regada, se tem pó, se precisa de mudar de janela. Já reparou, ao abrir a janela, que o ar anda fresco? E que as árvores da sua rua estão mais crescidas? Não é incrível molhar as mãos e sentir a frescura da água escorrer pela pele, e aproveitar e passar essa água no rosto, sentir que estamos acordados para sentir a vida, e não a deixar passar nos intervalos da nossa atenção. Tenho a certeza que vai encontrar alegrias de viver em tantos destes detalhes...


Abraço

Hélder

segunda-feira, maio 15, 2023

E SE CHOVER?


 Seja em que altura for, a chuva é sempre limpeza, rega, fertilidade. O país vive seca, nem lhe vou dizer o que dizem os estudos, decerto devia, mas este blogue é de palavras livres, não de factos, contas e jornais. O mundo não está de saúde, Portugal está empoeirado, não chove, há pouca água... e não se faz nada? Fazer com que chova... não dá, mas há centenas de formas de poupar água e estabelecer modos de distribuição da água pelos grandes utilizadores da mesma... os políticos estão à espera que lhes falte na torneira para tornar isto um problema a ser resolvido. Quando faltar na torneira, as alfaces morreram, os lagos secaram, os rios morreram novamente, os pomares secaram, enfim... a vida murchou.

Eu uso a água que antecede o meu banho para regar as minhas plantas. Lavo a varanda com regador e não com mangueira. E lá vou dando o meu contributo. Não sei fazer com que chova, mas sou agricultor, gosto de uma natureza verde, e não há verde sem água. Não há agricultura sem água, não há turismo sem água, nem parlamento, nem campanhas eleitorais, nem carros, nem eletricidade. A vida desidrata-se.  A terra tem a garganta seca.

A chuva é um fenómeno maravilhoso, na dose certa, acalma-nos, chama-nos para dentro de casa, apela à observação e.. torna o mundo mais saudável. Se não chove, valorize a água que gasta. A água é o ouro do futuro, acredite.

segunda-feira, abril 24, 2023

CALA-TE UM BOCADINHO


 Quantos de nós, mesmo lá no fundo das ideias, já não quis dizer a isto a alguém que não tem o mínimo de noção de quando se deve calar, para ouvir, ou porque já contou, exaustivamente, a história que estava a contar ou o interesse morreu nas primeiras frases? Eu, confesso, dezenas de vezes. E há dias em que não me consigo controlar, mesmo, porque há pessoas descontroladas nas palavras.

Há os que perguntam se está tudo bem? Tudo... a horta, o chuveiro entupido, a humidade lá de casa e já agora a depressão ou aquela crise no trabalho, vai tudo dar ao mesmo, tudo bem? E pronto, está manifestado o interesse. E depois... somos metralhados por palavras, sem dó nem piedade.

Caramba, é assim tão difícil te aperceberes que só estás a falar, e que a vida não é um monólogo. E depois há gente que adora detalhes, muitos detalhes, todos os detalhes do mundo numa conversa. Deve ser defeito meu de profissão e formação, mas gosto de síntese. Claro que há situações, raras, que exigem detalhe, mas tanto..., é que há pessoas que é uma saturação de pormenor. E o silêncio, ouvir e falar devem cumprir os votos de silêncio, só assim se ouve, só assim se fala. Mas... há pessoas que na conversa metem telemóvel, piadas, comentários sobre outras coisas, cruzam conversas e descruzam a atenção. 

Se é por mal, acredito que não, mas por bem não é certamente.

segunda-feira, abril 03, 2023

FELICIDADE PARA QUE TE QUERO

 Ora Viva



    Estamos numa má lista de felicidade, mais uma. É estranho uma lista de felicidade, confesso. O que dita a felicidade?... Mas isso são outros 31. Quanto a nós, estou entre o perceber e o não entender de todo; olho para Portugal, que conheço bem, e acho-nos plenos, contudo privados. Sinto que nos falta olhar para cima e receber o sol, mas isso não enche barrigas, ganhamos mal, mas também não sei se quando ganhavamos mais eramos os tais felizes da lista. Não sei. Por outro lado, estou cansado dos pregadores da felicidade, onde tudo é fácil, simples e está dentro de nós, como um ovo com brinde. E saltitam teorias e livros como pipocas... Não é assim, para ninguém. Conheço ricos miseráveis de infelicidade, pobres super realizados, empresários radicalmente tristes, gente que escolheu viver com pouco e estonteantemente feliz. A fórmula? Não percebo nada disto, e acho que ronda cá nos nossos interiores, e também pelo modo como usamos a carteira, prioridades, para quem as pode considerar. Viver, no global, não é fácil, mas é incrível. Tenho a percepção que a classe política não faz a mínima ideia de quem são os portugueses, vivem de agenda mediática, e muita da nossa vida está nas mão deles, dos bancos, das seguradoras, das empresas... e por aí fora. Soluções? Viver a nossa vida pessoal do modo mais intenso, bravio, espesso, denso, picante, pacífico, livre, íntimo e sereno. Porque ninguém nos rouba a interioridade, íntima e sagrada, e aí a felicidade não tem lista. Cultiva-se. Como?... eu sei a minha teoria, e isto não é coisa de se partilhar...


Abraço

segunda-feira, fevereiro 06, 2023

O MEU EQUILÍBRIO

 

                                                                             Fotografia Arlindo Rego


Equilíbrio. Uma palavra estupenda, um exercício complexo. Estou longe da perfeição, mas perto do que não quero. Desde a morte da minha mãe que a minha vida assumiu diretrizes diferentes. Os problemas relativizaram-se, os objetivos de vida tomaram outro caminho, as minhas relações mudaram. O meu equilíbrio começa em mim. Sozinho. Calado. Contemplando. Mais ninguém pode fazer isto por mim, e há gente que atrapalha este caminho. Não é por mal, claro. Mas são pessoas complexas, com egos grandes, raramente olham para o lado e quase nunca abdicam de si pelos outros. São o maior ruído da minha vida, e um obstáculo ao meu equilíbrio. Não são nem mais, nem menos que eu, mas não podem fazer parte da minha balança. Do meu equilíbrio faz parte muita vida que não só pessoas, claro, mas agora é delas que falo.

Raramente me perguntam como estou depois da morte da minha mãe. Já lá vão 3 anos. É um problema meu. Como sabem, o luto demora anos a sarar. Sinto que estou no caminho certo, mas era reconfortante sentir interesse de quem até parece interessado, mas não. Tal como outras felicidades ou tristezas, que devemos perguntar, querer saber, mostrar interesse. Sermos interessados revela a maior humildade relacional da humanidade. E as pessoas... as próximas e as outras podem erguer e poluir, ao mesmo tempo.

Não é um: estás bem? ou fixe? ou qualquer outra generalidade, que me vai dar vontade de partilhar. A uma pergunta geral... respondo com generalidades, e fico a conhecer melhor o interesse do outro. Para o meu equilíbrio escolho os pesos para a minha balança, e como até treino mais o meu corpo, começo a conhecer bem os limites dos músculos da minha carne e da minha alma.

A atenção, exercício fulcral na vida, é muito difícil para quem a vida é camuflada de um umbigo gigante e plena de bons argumentos desiquilibrantes... :) precisei de criar esta palavra!!!


Divirtam-se e estejam atentos... a quem importa, MESMO!

Hélder

terça-feira, janeiro 03, 2023

 


Ano Novo... os meus votos, são... não ter votos. Eu explico. Já todos percebemos da rapidez da vida, uma água que ferve e rapidamente se esfria. Não fazer grandes planos é o maior plano da vida, da minha vida, entenda-se. Baixar todas as expectativas, sobre pessoas, relações, trabalho, conquistas... tudo em níveis bastante modestos. Isto é o que eu quero para o meu ano de 2023.

Porquê? Assim não alimento a frustração, e deixo que a vida me surpreenda. Farei o que me compete, é isso, ser competente no dia a dia, mas não mais do que isso. Quanto aos sonhos, permito-me sonhar, mas sem grandes voos, tal qual os pássaros quando ainda não estão no ponto para sair do ninho. Proteger-me. Prefiro assim, enquanto puder. 

Isto não significa resignação, perda de ambição, acomodação. Nada disso, isto é o maior desafio da minha existência, não planificar tanto e tudo, até estragar os planos que a vida teria para mim. ( mestre Agostinho da Silva)... deixar acontecer, estar focado, ser eficiente, e respirar...


BOM ANO