Neste dia, o meu avô, que era negociante de vinho, ia ao Porto mandar fazer um novo fato, no alfaiate de sempre, escolher o seu chapéu de novo ano, e comprar tudo para a ceia de família, o bolo de frutas e o bacalhau. O meu avó era um homem de família, gostava da boa mesa, de vida confortável, do seu trabalho e da sua família, amava muito da sua família. Um avó de riso fácil e de rigor no coração e na palavra.
A noite era de reis, da família, ele tocaria na sua guitarra, a minha avó estaria aflita na cozinha, com tantos detalhes de dia solene, e no final todos jogavam às cartas e falavam, necessariamente, dos outros dias de reis, com saudades e gargalhadas à mistura, a quererem adivinhar o próximo ano.
Nunca conheci o meu avó materno, mas recebi tantas histórias da minha mãe que sinto que o conheci e com ele vivi estes dias de festa e família, quando tudo fazia um sentido diferente, ou até mesmo sentido, na totalidade da palavra.
Chamava-se Augusto Reis, o nome que eu gostaria de ter, ou que os meus filhos tivessem, um dia...
Bom ano. Bom dia de reis...
Até já.
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