Tempo. Quanto tempo já perdemos a pedir e sonhar com mais tempo. Hoje, por motivos nunca imaginados, a vida está a dar-nos o desejado, e nem precisamos de lamparina de aladinos. Mesmo assim, agora reclamamos que já não sabemos o que fazer com tanto tempo. Nem sei bem como organizar ideias, ora não temos e queremos, ora temos e não sabemos o o que lhe fazer. Tão típico de nós, gente de pensamentos altamente elaborados e com tudo sob controle. E cá andamos sem saber o que fazer com a fortuna do tempo, já que de saúde andamos de credo na boca. E mesmo assim... descontentes. Eu percebo, mas mesmo assim, caramba, é um cheque de tempo. Para fazer, não fazer, piscar olhos ao sofá, aos livros e discos, e saborear o nada, que nos limpa a cabeça.
Tenho um amigo que fica muito alarmado por não fazer nada, eu já fui assim por não fazer nada que seja quantificável, lucrativo ou instrutivo; e agora não me pesa em nada na consciência, e já lhe disse para experimentar, o não fazer nada. Às vezes saio só para respirar, sentir o sol na pele e ver as copas das árvores, na verdade estou a fazer muito, pela minha serenidade e paz interior, mas sem instrutores, aplicações ou livros. Só eu e o meu tempo no bolso e no coração. Sorte a minha.
Às vezes é o que nos basta para ocupar tempo, darmo-nos ao sabor de liberdade de pensamento, sem porquês, como Alberto Caeiro se deveria passear na cabeça de pessoa. Digo eu.
O que ganho com isto, saúde mental, liberdade, desprendimento, silêncio, serenidade, disponibilidade, segurança. Na verdade é uma balança bem cheia, para o não fazer nada... como as coisas são, como a vida é.
Saúde e protejam-se, até da tentação de abarrotar o vosso tempo.
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