Este foi o Natal mais duro, arranhado, ferido e doloroso que eu poderia ter. A minha Margarida não esteve comigo. Não vi os seus olhos pequeninos e brilhantes a olharem para a árvore de Natal, as suas mãos de pele de seda a ajudar-me no presépio, e os seus conselhos na receita certa dos doces da época.
Estive sempre em esforço para não desabar. Estou cansado da sua ausência. E será para a vida, para todos os natais que terei, a Margarida não estará presente. Nunca mais. E ainda não sinto que ela esteja num outro lugar. O que sinto é falta, ausência, vazio, espaço.
Sem mãe. Nunca terei outra forma de viver. A amar a vida, mas sempre órfão. Todos os dias. Todos os Natais. E tenho medo de me habituar. Eu quero sentir a necessidade de a ter, porque assim o amor dói menos na solidão de não a ter.
Até já
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