Para que nos servem as cantigas se não forem para habitar os cantos do coração? Para que nos serve a ponte se houver medo de a atravessar? Para que serve o sol, se não for para nos beijar? Para que serve a árvore se não for para a igualar? Para que serve a pergunta se não for para responder?
Hoje há o medo de questionar, e sabemos o quanto o medo paralisa a boca e o pensamento. Perguntar é o exercício mais nobre, inteligente e livre. Não há inquestionáveis. Para que nos serviria a liberdade, se não fosse para a interrogar sempre, para afugentar o risco de a prender, porque nem um louco pode prender o amor. Porque é disso que se trata na vida, amar. Mas quem ama não pode amar sentado, ao modo de: se precisares de mim, já sabes, estou aqui. Na verdade, isto não é nada. É o mesmo que ter a ponte à frente e preferir tentar passar a nado.
Não há amor no que ama sentado.
Hélder
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