Não é gralha no título. É mesmo despir, tirar a roupa, nuzinho da silva. E quero com isto chegar às despedidas de solteiro. Admito, o despir era só uma tentativa de chamar a atenção e de ser provocante para o que acontece nestas noites de adeus ao solteiro. Por muito que me tentem explicar, não consigo perceber, e sou quase tão intolerante como à lactose. Pensem comigo. Um casamento é uma coisa boa, para quem o quer. Certo? A vida antes do casamento também não será um inferno; pois posto este cenário, qual é o sentido da despedida? Mas vai o noivo e a noiva para uma vida assim tão horrível que exija uma despedida para um nunca mais voltar? Pois que não se casem.
De grosso modo, a malta junta-se para fazer numa noite, ou em várias, o que se faz em toda uma vida de solteiro, estoura os cartuchos todos, pois a arma nunca mais se vai carregar.
Despem-se de preconceitos, bebe-se bastante, e aqui vai o noivo e a noiva, com respectivas comitivas, serem malucos e marotos, porque depois do casamento vestem-se de gente séria e não há cá borgas para ninguém. Eu, até acho que este comportamento remontará a algures numa história bastante arcaica. E levante a mão quem, em nenhum momento do casamento estonteante, não pensa: é pá, já chegava, não? Estou farto do fato, os sapatos são apertados, ... bem me parecia que este vestido era pequeno para mim! Vamos comer o bolo e seguimos para casa, porque eles querem estar sozinhos. Não?
Mais engraçado ainda é que depois da despedida louca de solteiro há a grandiosa festa do casamento. Onde toda a gente está vestida de gala, porque a ocasião o dita, e porque os noivos vão entrar numa vida a dois, coisa nunca antes experimentada. Então em que ficamos? Ou será também o casamento uma continuação da despedida de solteiro, mas sem stripers, gritos e cenas maradas ( linguarejar cool) ? Ou o casamento, por ser uma festa maior, vem dizer que afinal de contas a despedida de solteiro era só o aperitivo da grandiosa festa que será o casamento e todo o seu fogo de artifício? E já agora, sem os artifícios da outra festa, a de solteiro. Não sei, nem a mim me convence a teoria.
Eu não acho que o casamento exija despedida de nada, e mesmo o dia de casamento não me parece um momento de tanta gala, croquete, fotografia, vídeos e mais de mil ideias que na verdade alimentam a máquina monetária do matrimónio. E quantos noivos saem falidos para o recomeço de uma vida a dois que já vai nascer torta e endividada. É tudo um excesso, quando o que importa mesmo é a celebração do amor, entre os dois e que em casa a vida deles seja uma festa, solene, serena, digna e harmoniosa. Acreditem, para isto não é preciso tanto planeamento. Tudo o resto são brilhantinas que se colocam para disfarçar os nervos e outros receios. Bom, bom, é fazer festa todos os dias, e sem tanto alarido!
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