A língua é um órgão sensorial e
muscular com esqueleto ósteo fibroso. Tem 17 músculos e nunca se cansam porque
são músculos voluntários e são os mais fortes do nosso corpo. Tem 10
centímetros e é a parte humana que mais rapidamente se cura. 3 mil papilas
gustativas e a língua dos homens é maior que a das mulheres, e aqui para tudo!
Tamanhos à parte, há línguas tão compridas que se assemelham a um livro aberto
onde todos podem escrever, uma Wikipédia corporal!!
Não sei se sentem isso na
roda da vossa vida, mas eu vivo cercado de má língua. Todos sabem mais que os
outros, por isso os outros são isto e aquilo. Os outros são mais ricos, pois,
se eu tivesse feito isto e conhecido aquele ou aquele outro também eu seria. Ahhh
gosto muito dele, é um amor, mas… e aí vai disto. São todos mais profissionais
do que o profissional do qual estão a lançar o seu brando o inocente veneno. Os
outros isto, os outros aquilo, os outros mais não sei o quê. Há sempre os
extremos, os que passam a vida a falar dos outros e aqueles que se consideram
tanto, mas tanto, que passam a vida a falar deles próprios, citando-se a eles
mesmos, entre rasgados auto elogios, cobertos por uma fina camada de humildade,
como um delicado glace de açúcar, mas em vez do doce, fel, muito fel. Pela boca jorra a água e a palavra. Pois, nem
sei por onde escolher. Fico-me pelas estratégias que apresento no finzinho
deste texto, mais vale.
A honra é defendida na lei artigo
138 a 140 ( para o caso de precisar), mas até onde vai a desonra que podemos
infligir sobre os outros? Aí mora a má língua.
Na idade média havia a trova de
escárnio e maldizer, virou estilo literário. Mas caramba, era arte e
publicamente se dizia o que ia no ventre do pensamento, o mais público
possível. Será que estas línguas contemporâneas também andam a lutar por ser
estilo literário e não me dei conta, e estou a passar por grande ignorante ao escrever
estas humildes palavras? Ora bolas para mim.
Há muito que nas costas dos
outros vejo as minhas, cravadinhas de má língua. É vida. Por isso decidi deixar
de alimentar conversas onde o tema seja alguém que não está na conversa. O
silêncio é de ouro, acreditem. Óbvio que já embarquei nestas infelizes tacadas
de péssima personalidade, e lamento-me por isso. Mas como acredito sempre na
mudança, há uns anos decidi mudar de rota.
Estratégias. Bom, a vida dos
outros só é interessante se a minha for o desinteresse por completo, por isso,
invisto na minha vida. Não é por encher a vida de gente que estou mais
acompanhado, por isso, só me acompanham os essenciais à minha felicidade. Curiosamente
são cada vez menos…Tenho feito uma espécie de purga social, tem de ser. Há
vários preços a pagar com estas estratégias, acreditem, mas na balança das
relações, vale bem a pena. Fico mais leve, e leveza nunca fez mal à alma. Mas
aos 43 anos sinto que está mais do que na hora. Sou contra o falarem desde que
falem, e dispenso que falem cobertos pela falsa misericórdia do “ não é por
mal…” Caladinhos, caladinhos é que estão bem os que não têm mais vida do que
alguém!!!
Quem não é visto não é falado.
Acreditem, vale a pena tentar. Para todos os que não sabem o que fazer com a língua,
deixo o link de uma bela música e um ótimo vídeo.
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