Somos natureza. Uns mais respeitadores que outros pela
essência, mas vimos e vamos para lá. Nos meus 20 anos de televisão é pouco
provável que me falte entrevistar pessoas de determinado sector laboral, e
nunca entrevistei um agricultor triste. Acreditem, já entrevistei muita gente
de áreas de sucesso, gente de palmarés sociais e que estavam afogados em
tristezas. Mas agricultores não, sempre serenos, ponderados e felizes com a
vida que fazem. Acertaram o relógio interior com o ciclo da natureza, e
aprenderam que nem tudo depende nós, a aprenderam a viver do que a terra dá. Eu
sei, nem todos os agricultores vivem este sossego de espírito, nem respeito
pelo ciclo da terra, mas são poucos.
Sou, também, um jovem agricultor. Há 4 anos que me dedico às
abelhas e sim, estou a operar e a sentir uma grande revolução no meu jeito de
ser. A vida é rápida, mas as estações do ano cumprem-se no mesmo tempo, a chuva
e o sol, são o que sempre foram e dão o que sempre deram. Eu sei que,
infelizmente, a natureza reclama a sua ordem natural, porque nós metemos o
nariz onde não eramos chamados.
É… a vida pede ciclos de calma à lareira do inverno, doçuras
de primavera, relaxe de verão, reconversões de outono. Basta ouvir-nos com a
natureza por perto. Há muita gente feliz com o bater do coração da terra.
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