quinta-feira, abril 04, 2019

OS LIMÕES DESTA VIDA!!






Quando olho para um limoeiro olho para um lugar perto da perfeição. Frutos que me fazem lembrar o verão de todos os anos, um aroma a liberdade, a perfeição na cor. Apanhar um limão é a soberania da vontade própria. Afinal é fácil ser soberano de nós mesmos. Não que o limão seja o tesouro que nasce nas árvores, mas é a melhor personificação que tenho do tempo. O meu tempo de infância, quando fazia limões espremidos na água fresca do poço; o meu tempo de espera para que o limão ganhe a cor certa para ser colhido, o tempo de o descascar, espremer, para usar à volta de uma mesa.

Limão e solidão rimam, provavelmente andam juntos, neste movimento animal da existência. Honestamente, casam-se bem. Precisamos de limão para uma boa limonada, e de solidão para o crescimento. Não há outro remédio para a maturidade, uma boa dose de solidão. Olhar para a janela, perder-se nas paredes de casa, viver no horizonte mais infinito que avistamos da varanda. Incomodarmo-nos com os nossos pensamentos até que eles sejam pronunciados. Confrontar a ideia. Chegar perto de um limoeiro e apanhar um cesto de solidão, e só depois fazer com ela a vida, como se fosse limonada, como se tudo fosse um solene limão. Da mão ao pensamento, da boca ao sumo, do corpo à inteligência.



Arranjo gráfico David Reis

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