Aprendi a sorrir desde muito novo. Aprende-se a rir como se aprende a comer. Não duvide. A minha mãe foi a minha ensinadora. Ria-se tanto. Quando ria, os olhos choravam-lhe de alegria, a boca não se fechava de gargalhadas, era uma festa constante. Ria-se com as brincadeiras dos cães, com os sonhos que lhe saiam muitas vezes um pesadelo. Ria-se quando me via a andar de bicicleta, de tão torto que ia. Ria aquele rir de doer a barriga e fechar os olhos. Que saudades.
O melhor sorriso é o que tem ligação da alma aos olhos. Este não se aprende facilmente. Educa-se. Cultiva-se como as flores. Trata-se como o diafragma na respiração.
Sou de sorriso fácil. Mas rio cada vez da alma para os olhos. A vida ensurdece os nossos sorrisos. Às vezes o sorriso anda em subsistência, certamente já vos aconteceu. Mas há um sorriso que é secreto, sorrir por dentro. É a maior proximidade da paz que eu consigo ter. Esse sim, é uma arma poderosa, indomável, dilacerante, destruidora de cérebros carregados de maldade.
Para culminar a roda gigante e complexa do sorriso; há a felicidade na tristeza. Aquela mesma que só sente quem a tem; não é essa que nos tira o riso. Os que sabem rir por dentro. Porque felicidade não é alegria, e tristeza não é infelicidade. Fiz-me entender?
Eu cá continuo. Entre dias felizes, sorrisos de ventre e com os olhos a espelhar o que só por dentro se sente.
Até já
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