Deixa que a minha solidão se veja
Que o meu corpo se mude
Que os olhos se fechem
Deixa-me estar aninhado em mim
Nos cantos todos de mim
Deixa me calado
Sem voz
Sem luz
Sem expressão
Deixa-me mudo e com fome
Deixa-me sem compreensão
Esquecido no meio de uma casa
Não olhes por mim
Nem olhes para mim
Deixa-me estar quieto
Parado de sangue e saliva
Deixa-me nu
Que vestidos andam os cívicos
E eu, hoje, não me pertenço
Nem te pertenço
Deixa-me na raiva e no sossego simultâneo
Deixa-me nesta paz mansa e na guerra que se segue
Deixa-me na minha loucura
Porque loucos somos poucos
E eu já fui muitos.
Deixa-me estar
Por aqui
Ou por sítio nenhum
Para que nem eu me possa encontrar
Sem comentários:
Enviar um comentário