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segunda-feira, janeiro 14, 2019
ROSTOS DE S. TOMÉ
Leve leve. Quem vai a S. Tomé não ouve outra coisa. Um povo doce, um país que explode de verde e tropicalidade, uma pobreza que dói, e sempre um leve leve na boca, como se fosse um credo. Olhos sempre meigos e generosos. Sorriso no lábio escuro e um ritmo acesso no pé.
Quando lá cheguei consegui um guia, na verdade era um jovem que conhecia bem a ilha, e mostrou-a como se fosse a sua casa. Leve leve é o que diz a gente dele. A vida é dura, muito dura, mas levam tudo leve, um mergulho na baia, uma fruta da mata, e amanhã logo se verá. Mas como pode ser leve quando vos falta tanto... Falta? Não falta não, nunca tivemos, não pode faltar. leve leve
Tentei cumprir este leve leve no meu regresso, como se fosse resolução de novo ano. Não consegui. Tenho coisas a mais, na casa e na alma, o que me faz parecer que tudo me faz falta, e sem isso... é pesado o peso da vida. Tenho mesmo de fazer uma limpeza para dar espaço ao leve leve de S. Tomé e Príncipe.
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