A desilusão é o ponto mais alto da expectativa. As pessoas peritas na arte do desiludir são os amigos, a família, a cara metade, e nós mesmos. Há lá pior desilusão do que a nossa para com o próprio ego? Dói que se farta e não aprendemos a lição. Por acaso, e pensando bem, até pode haver, e não aprendemos a lição na mesma. A solução que encontro para esta maleita da alma? A casa.
Vivo na mesma casa desde que a decidi ter. Entra nela quem me diz muito, já tenho alguns arrependimentos. Da minha casa só eu sei, incluindo o que se passa nela! ( sorrisos) Entrar na minha casa é o antídoto que encontrei para a desilusão, os dias aflitos, as palavras engasgadas, a dor dos que amamos e nada podemos fazer, a construção dos sonhos, as alegrias que só cá dentro quero partilhar, a festa que faço sem alaridos sociais. Um retiro, é isso que gosto de fazer da minha casa e nela. Respirar as coisas do meu tempo, as minhas histórias, as plantas que cuido para ver se elas cuidam de mim, as almofadas com livros, as músicas de sempre, a cozinha à espera da receita, as mantas de inverno e até as de verão, as velas mornas que aquecem o coração. A luz, sobretudo gosto de olhar para a luz que só da minha casa vejo, como o principezinho ( mais sorrisos).
Gosto do silêncio, da oração que faço, do repensar o dia e antever o próximo, jantar com toda a calma do mundo, fazer bolos tarde, muito tarde, abrir vinho, ler vários livros numa hora, ver séries seguidas, tomar banho demorado. Parar dentro de mim. Amar. A casa é o único sítio para ser amado e amar, do coração para fora da boca e dos olhos. Não sei se já sentiram este amor.
Recomendo. Vivam a casa, para mais do que um sono rápido. Quanto ao chá, as bolachas e o limão( do titulo deste texto) é uma receita para quem gosta da prática do "sofazar"!
Casem muito! :))
PS: a obra da foto é da artista plástica Iva Viana, e a mesma vive nas minhas paredes!
HR