Nasci para comunicar. Da minha vida 12 anos são de seminário. O adivinhar de uma vocação para ser sacerdote. Falhei. Ou a fé falhou-me. Ainda não sei. Sei que segui outro caminho. Ser padre é um ritual complexo de comunicação. Longe eu de saber o meu futuro, no seminário ensaiei-me em contacto com multidões, cantorias a solo e solenes, altares, que são uma espécie de palco sagrado. Ensaiei-me para comunicar.
Quando deixei este projeto, sempre convicto que era o que eu nao queria. Não há melhor garra do que a de saber o que não queremos para nós. Fiquei perdido. E agora? O que vou fazer? O que sei fazer? Tinha as cantorias... surgiu-me a RTP. Era, orgulhosamente, empregado da Praça da Alegria. Comunicava com a minha presença, que sempre quis que fosse humilde e afirmativa. Não era para falar. Mas sempre gostei da palavra. Um dia... falei. Outros dias depois começaram responsabilidades de apresentador. Estudei jornalismo. Acabei Teologia. Li e leio sobre o tema. Observei quem faz TV. Aprendi com os melhores. Fiz-me. Fizeram-me.
Hoje, a televisão é o meio pelo qual atravesso mensagens construtivas, palavras pensadas, gestos delicados, carinho por quem abraça. Fiz e faço uma televisão de rua, sem rede de estúdio, mas com o amparo de uma gente de Portugal que só é imensa.
É dos meus convidados anónimos para o público que eu amo construir uma entrevista. Contar histórias Todos temos uma bela história. Comunicar sentidos e sentimentos. Esta minha vida de falar em televisão afastou-me de um outro tipo de televisao; mais charmosa, do recato de um estúdio, mais pomposa e ilustre. O meu caminho foi outro. É outro. Sou outro. Com o preço que tem.
Não tenho vocação de estrela. Tenho vocação de comunicador. Longe da perfeição e mas muito perto da felicidade.
Obrigado por estes anos. Cada um.
HR
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