Ora viva
Todos podíamos ser Paris. Estive,
pela RTP, em reportagem onde 7 atentados mataram gente como nós. Nunca terei
palavras para um cenário de morte num sítio onde deveria haver luz e festa. As
pessoas que morreram estavam a viver, tranquilamente, e morreram,
aterradoramente.
O que aconteceu em Paris,
acontece em todo o mundo, num mundo mais pobre, menos político, menos
interessante mediaticamente. As mortes por atos de terrorismo cresceram muito.
Mas nem de todas as mortes ouvimos falar. Outras mortes, longe de Paris, de
gente como nós. Nem sabemos os sítios, nem vos digo agora, porque não escrevo
aqui para informar, mas para pensar alto. Pesquisem, vão ficar assustados, e
tristes por não se aperceberem que Paris é uma entre tantas feridas.
Ver os rostos de quem morreu, e
que só estava a jantar com a namorada, é inquietante. Morrer porque se estava
no sítio errado; provavelmente era um casal que tinha primos muçulmanos e que naquela noite, juntos, iam fazer uma
vigília contra a violência.
O mundo é pequeno. Na dor e na
paz. Nós não estamos longe de nada disto. Estamos perto e fazemos parte desta
história.
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