Os problemas dos outros são
sempre dos outros, ainda que amemos profundamente os outros antes dos seus
problemas. É sempre um conflito entrar na história da outra pessoa. Não há um
livro que registe a memória, as emoções, as estratégias. Não há um livro de
estilo. Por mais que nos esforcemos a história nunca será a nossa.
Honestamente, acho que não deve ser. A objetividade é sempre uma ferramenta
para lidar com a crise.
Esta distância sobre os problemas que não são os nossos
pode fazer de nós maus ouvintes, e até insensíveis para com a dor dos outros.
Nunca percebemos bem o que é um dia complicado de um amigo se não vivemos o dia
desse amigo. Fazemos uma ideia.
Nunca entenderemos a morte de um pai de um
colega de trabalho porque não sabemos da dinâmica que havia entre ambos, e nem
conhecemos o lugar mais secreto da afetividade que os unia ou desligava. Os
outros serão sempre os outros e nunca nós, por muito amor que lhes tenhamos.
ABRAÇO