Ora viva
No princípio era o silêncio e o silêncio tornou-se no princípio de todas as coisas. Quanto mais vivo, mais gosto do silêncio. Quanto mais gosto do silêncio, mais vivo. Como profissional da comunicação, cabe-me saber perguntar, mas também saber ouvir a resposta. Nunca farei uma boa pergunta, com toda a preparação e concentração que perguntar exige, se não me dedicar à resposta do meu convidado. Para tal tenho de me calar, é simples. Nunca conseguirei fazer uma nova canção se não me calar e ouvir o silêncio, que é o espaço onde existe a criação. Para vos escrever este texto, estou sentado, em silêncio, na companhia de uma luz morna, uma janela aberta, no sossego da casa.
O mundo é falador. Cada vez mais. Há gente que não se cala. Por todas estas contas, gosto de gente calada, não dos sonsos, mas daqueles que se calam para ouvir, ou porque não têm nada a acrescentar. Quem disse que temos de ter sempre opinião? Ou que para se ser sincero tem de ser dizer tudo o que se pensa e não pensar no que se diz, ou se vale a pena dizer?
O silêncio é de ouro, diz quem sabe, e há muitos anos. Eu gosto do admirável mundo do ouvir calado. Experimentem. Vale mesmo a pena!
Abraço
Um sítio onde se encontram palavras que encontraram outros sítios, pessoas e histórias.
quarta-feira, setembro 24, 2014
terça-feira, setembro 16, 2014
O tempo que faz lá fora
Ora viva
O tempo que faz lá fora nunca é o
tempo que faz dentro de mim. Falo de meteorologia. Gosto do tempo todo. A chuva
embala-me o corpo, apetece-me quente. O calor amolece-me a alma, desejo as
árvores e a sua sombra. O vento acorda-me os músculos, espevita-me por dentro.
O nevoeiro adormece-me os sentidos. A trovoada acorda-me os olhos. Gosto da luz
do outono, das manhãs de primavera, das noites de verão, da morrinha do
inverno.
Do frio na pele e chegar a um sítio quente. Gosto
muito da minha vida cá por dentro, e acho que ela fica agradada com qualquer
tempo que faça cá fora. Isto é bom. Nunca estou sentado no constante do mesmo
tempo. O meu corpo, o meu dentro, surpreende-se sempre com cada estado de tempo…e
a monotonia morre entediada. Sempre gostei das coisas de dentro para fora. Parecem-me
sempre mais resolvidas. Neste movimento, quando o meu dentro se confronta com o
tempo cá de fora, a surpresa e o agrado são sempre constantes. Experimentem!
abraço
Hélder
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