Ora viva
Hoje vi a D. Maria, nos seus 90
anos, sair de casa e olhar para a praia. Uma necessidade de quem tem uma vida
inteira naquela rua, naquela casa, naquele sítio virado para o mar. Esta
concentrada na sua observação, atenta aos pormenores de uma praia que em pouco
mudou. Estaria a respirar profundamente. Os olhos enchiam-se da serenidade do
fim de tarde.
A vida é mesmo assim. Os sítios que amamos, a casa, a nossa rua,
e enchermo-nos com o que nos faz bem. Num fim do dia, são vários os atentados à
nossa convicta serenidade, precisamos de lutar contra o vazio que nos querem
meter. A nossa vidas será sempre nossa, por muito que nos tentem tirar. À D. Maria ninguém lhe roubou o mar nem a enorme vontade de o ver. Assim nos
inspiremos.
Abraço