terça-feira, novembro 19, 2013

AGRICULTURA

Ora viva

Pés na terra. É das melhores sensações que posso dar à minha pele. Quando era miúdo lembro-me de andar descalço pelo campo de milho e adorar sentir a terra entre os deditos dos pés, e aquando de levar a água ao milheiro, era o deleite total, terra molhada e pé descalço. São memórias físicas que guardo da agricultura que os meus pais faziam. Em bom da verdade eu devia ajudar, mas passava mais tempo de cabeça na lua e de pés engolidos na terra, do que a dar uma mão ao cultivo. Mas sempre me fascinou a sementeira, a colheita, o pousio para os dias que hão-de vir. 

A agricultura é o melhor exemplo que podemos dar à vida, às coisas, ao amor, às emoções, à paciência, à perseverança. O agricultor é um vulcão de garra, de esperança e futuro. Semeia que Deus há-de ajudar, dizem os mais velhos. Na horta dos dias é a mesma coisa, semeamos na vontade de colher, e isto dá para tudo, para todos, por muito sábios e bem aperaltados que sejam. 

Cada um a seu jeito é um agricultor de palavras, projetos, construções, lições e sermões, curas e remédios, sorrisos e engenhos.

Curiosamente, nunca se falou tanto de futuro com uma arte de tão antigamente: a agricultura. Serena e paciente, ela vem sempre ter com a gente. É na terra que habitamos, e sem terra flutuamos. É por isso que gosto tanto de quem faz da vida a sementeira. É gente de esperança morena pelo sol. É gente de bem, é gente com raízes bem fundas, como convém a quem se planta nos campos que lavra.

abraços
Hélder