Usamo-las abreviadas, gastas, novas, erradas e certas, na
verdade e na mentira. Usamo-las de dia, à tarde e à noite. Entre silêncio e
conversas. Na casa, na cama, no escritório, na rua, no telefone e no papel. As
palavras.
Gosto tanto das palavras, dos seus contornos no papel. Do
atrevimento de as usar. Da inquietação pelas novas e pelas do antigamente. A
palavra, para mim, ainda é um poder, um saber, um amor perdido e achado numa
frase que me faz parar. A palavra é um compromisso, uma missão, um segredo e um
desejo. Coisa séria de se fazer. De se dizer. Mesmo que as palavras que agora
dizes se amanhã forem mentira, que tenhas a ousadia de novas usar para dizer
que estavas a enganar. Por isso as palavras serão sempre grandes. De heróis. De
gente de mar e amor.
A palavra pode construir e destruir, tudo e nada, todos e só
alguns. Tenho profundo respeito pela palavra. Pela honra. Pelo casamento que
ela nos liga na união que é a conversa. Mesmo quando as uso para dizer que
errei.
Gosto das palavras, até quando não as uso para dizer tudo o
queria.
Fiquem muito bem!