Ora viva
Encaro o meu trabalho exactamente como tal TRABALHO. A par da felicidade que sinto em comunicar, do privilégio de trabalhar no programa, no canal e com as pessoas que trabalho. Mas é trabalho. Apesar da minha actividade profissional me possibilitar conhecer país e mundo, pessoas e multidões, artes e histórias, é o meu trabalho.
Trabalhar é exercitar continuamente a nossa humildade de aprender, de cumprir o desafio de fazer melhor, de desafiar a capacidade de saber perder, e de se dedicar convictamente ao objectivo do trabalho.
É claro que me sinto um homem profundamente realizado, naquele que é o meu trabalho. Comunicar.
Por todas estas razões não me considero uma figura pública, mas sim uma pessoa com um trabalho de exposição pública. Percebem que são coisas muito diferentes!?!
Há dias, numa das minhas reportagens, disse que engraçava com os postais das terras. Conduzem a nossa memória pelos sítios por onde passamos e provocam-nos para a escrita. Sabe bem receber um postal de férias... Bom, estava eu a reportar, e no meio da conversa....lá disse: adoro postais. Dias passados e recebo na RTP uma encomenda com a colecção de 600 postais, assinado: D. Maria.
É claro que liguei à senhora, não poderia ficar com aquelas imagens da memória. Resposta do outro lado: vi no senhor Hélder a pessoa indicada para guardar este meu tesouro.
Num jantar solidário para quem não tem família, nem paredes , a D. Rosa agarrou-me na mão e disse: obrigado senhor Hélder, por permitir que eu fale consigo, é um dia muito feliz para mim.
É por estas generosidade que eu trabalho, e é por esta razão que eu não sou, nem posso ser, figura pública. Sou uma pessoa, com trabalho público, que comunica, e gosta de o fazer com a crença de que está a fazer bem a alguém.
Até já.
Hélder
Um sítio onde se encontram palavras que encontraram outros sítios, pessoas e histórias.
quinta-feira, setembro 17, 2009
domingo, setembro 13, 2009
JOSÉ MOREIRA UM VELOZ FIEL DE ARMAZEM
Obrigado a quem passa, e não temam comentar...é sinal de presença!!
Conhecem o José Moreira? A foto ajuda.
Atleta. Estreante em competição.9º lugar na Maratona dos Mundiais de Berlim. Melhor tempo de Portugal. Profissão: fiel de armazém, trabalha 8 horas por dia. Treina às 6 da manhã, antes de marcar ponto, e no fim do dia de trabalho. Sonho: tornar-se atleta profissional.
Mas será preciso maior profissionalização? Qual será o verdadeiro motivo para que uns atletas sejam Atletas e outros simplesmente atletas de calos nas mãos?
É claro que o mundo não é justo, nem verdadeiro. E há culpados. Quem? Nós que alimentamos as máquinas da idolatria. Nós que despersonificamos as figuras públicas, sejam elas atletas ou actores. São gente, com ou sem valor. Gente simples e nem sempre humilde.
Portugal não valoriza a novidade. Ponto final. Este ATLETA treina há 15 anos. 15! Vamos descobrir que apoios tem? Tentem vocês, não encontrei. Porque será que não se adivinhou o potencial de fidelidade à camisola deste fiel de armazém? Ele até bateu a algumas portas, mas somos assim, teve que ir fora de Portugal, para o valorizarmos cá dentro. Somos assim, e pronto.
Porque dá trabalho atentar ao que é novo, e porque não se faz parte do sistema, o tal o tal sistema que fabrica vencedores.
Um conjunto de antropólogos descobriu uma povoação indígena não poluída pela civilização, virgens de evoluções, ou regressões! Purinhos. Na amazónia.
E que tal ir até lá e recomeçar do zero. Fieis a nós, fieis às vitórias que nos adoçam a boca. Tal qual o fiel de armazém que correu mais rápido que todo o Portugal?
Tenho dito.
Apareçam
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